Você já sentiu medo algum dia? Já sentiu insegurança?
A resposta inevitavelmente é SIM, né?
E antes que você diga que esses sentimentos limitam a tua vida, fica tranquilo! Não limitam; na realidade, sentir medo é protetivo. Ao longo da nossa evolução o medo foi a ferramenta que nos manteve vivos. Entretanto, há circunstâncias que o medo excessivo pode impossibilitar o nosso crescimento.
E eu quero te fazer uma confissão: assim como você, eu também tive medo ao fazer o meu primeiro investimento. Mesmo dominando o conhecimento técnico, eu pensava coisas do tipo:
“E se eu clicar no lugar errado?”
“E se o meu dinheiro sumir?”
“E se eu não tomar a decisão certa?”
“E se eu escolher errado e perder dinheiro?”
Enfim, inúmeras incertezas.
Diante dessas incertezas, fui iniciando a minha vida de investidora gradativamente e, a cada nova etapa, fui me sentindo mais segura.
Vamos entender melhor a teoria por trás desses medos
A primeira coisa que temos que entender é que o medo, quando se trata de finanças, está diretamente relacionado com aversão a perda. Em outras palavras: não queremos perder dinheiro.
Você, na sua vida financeira, não quer perder dinheiro. Mas para ter a chance de ver o seu dinheiro crescer, você precisa ir perdendo o medo de investir.
Esse medo de investir é tão grande porque o seu cérebro faz um cálculo entre os benefícios que aquele investimento pode te gerar e o custo psicológico de correr esse risco. Se o benefício superar o custo, você vai lá e investe.
O problema disso, é que, na maioria das vezes, o medo de perder é maior do que a esperança de ganhar e com isso você nunca inicia a sua jornada de investimentos, reserva de emergência e liberdade financeira.
Segundo Kahneman, o medo de perder é, em média, duas vezes maior do que a felicidade com os ganhos. Isso é um dos aspectos que inibem o seu início no mundo dos investimentos.
E é natural. Como eu disse, eu também tive; é uma reação automática do cérebro no sentido de nos proteger. Nosso cérebro reptiliano (primitivo) está programado para nos proteger, nos manter vivos, e quando estamos com medo, é ele quem toma conta das nossas decisões junto com o nosso cérebro emocional (sistema límbico). Precisaremos implementar algumas estratégias para que nosso córtex pré-frontal (parte racional do nosso cérebro) seja ativado e conduza nossas decisões de investimento de forma mais assertiva.
Para isso, precisamos controlar o nosso medo.
Mas como controlar o medo e ser capaz de iniciar os investimentos?
Uma forma de superar esses medos é praticar o aprendizado e se expor, gradativamente, ao mundo dos investimentos.
Isso indica que você deve seguir uma escada evolutiva, para que não se assuste no meio do caminho e queira sair correndo. Vai funcionar assim:
1º) Montar a reserva de emergência – deve corresponder a 6 meses das suas despesas fixas. Deve ser investida em produtos seguros e líquidos, ou seja, que você consiga resgatar imediatamente. Algumas opções são: CDB com liquidez diária, Fundos de investimento com tesouro Selic.
2º) Iniciar seus investimentos em renda fixa – busque entender esse mercado, a forma de rentabilidade desses produtos e quais produtos são mais coerentes para os seus objetivos
3º) Invista em Fundo Imobiliário – eles são produtos com um maior risco, mas ainda assim, são produtos que tem uma menor variação no preço, assim você vai dessensibilizando o seu medo.
4º) Invista em ações no Brasil – aprenda a analisar indicadores, a montar a sua carteira, a escolher as melhores opções para o seu objetivo. Nessa etapa você já vai perceber que há maiores oscilações.
5º) Invista no exterior – hoje em dia a complexidade de investir no exterior não é como antes. Mas deixo essa como última etapa, pois entendo que há necessidade de maturidade como investidor, já que enviar o dinheiro para o exterior há custos. Portanto, esse dinheiro deve ser investido no longo prazo e investidores “jovens” vão precisar construir a visão de longo prazo.
Essa é a jornada que eu te sugiro e foi a jornada que eu percorri. Pois, embora tivesse o conhecimento técnico para ir direto para o exterior eu tinha o entendimento de que era muito mais do que números, que eu precisaria ir treinando o meu cérebro com esses riscos, até que eu pudesse ter uma carteira de investimentos bem diversificada.
O objetivo é que possamos ir com calma, mas que estejamos sempre subindo.
Se você quer entender mais sobre o nosso comportamento e o medo de investir, te convido a assistir esse episódio do podcast MaisQFinanças:
A recomendação de hoje é um best-seller do New York Times e é escrito pelo mesmo autor de A lógica do cisne negro. É uma obra corajosa que questiona muitas de nossas crenças sobre risco, recompensa, política, religião e finanças. Espero que goste de ler!
Livro
Arriscando a própria pele: Assimetrias ocultas no cotidiano
Nassin Taleb